Moleque da Pedra Redonda
Júlio César Vieira Ramos acabou gostando do São Lucas. Era um apartamento espaçoso e não via perigo para seus filhos, pois moravam num andar muito baixo. O endereço também lhe agradou, pois era muito fácil de chegar aos locais em que trabalhava como médico, o Hospital São Francisco no complexo Santa Casa e o Hospital Moinhos de Vento.
Ramos se recorda que eles se mudaram no início de 1967, por que em maio do mesmo ano seu pai faleceu. Ele lembra que, depois de passar a noite no hospital com seu pai, foi a pé para o apartamento descansar, para no dia seguinte voltar para o velório.
Seu pai foi um dos provedores da Santa Casa e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS. Ramos lembra ainda que seu pai fez o parto dos filhos de sua vizinha no São Lucas, Silvia Goulart.
Ouça Júlio César Vieira Ramos falar sobre a primeira memória de morar no São Lucas.
A modelo, que ficou famosa por ganhar todos os concursos de Miss até chegar ao nível Universo, em 1963, viveu no A-16. Hoje, a atual moradora conta que “havia uma cor escura horrorosa no pé direito do apartamento”, recorda Isaura Duarte Torres. “Sempre tive a curiosidade de saber se aquilo era obra da Miss”.
Vários moradores lembram que vizinha global teria realmente vivido alguns anos no São Lucas. Entre elas, Roberta Ritter, que na época era criança e cresceu com uma certa fascinação pelo edifício. Roberta, que é sobrinha de Ramos, conta que o edifício viveu seu auge do luxo nos 60 e 70. E a cereja do bolo era o fato da Miss Universo ter morado ali, pertinho de seus tios e primos.
Ouça Júlio César Vieira Ramos falar sobre seu desejo incompleto de morar numa casa.
Ramos saiu do apartamento A-18 em 1974, quando, enfim, iria se mudar para uma casa na Cel Bordini. Apesar da excelente moradia, sua esposa não se adaptou e eles voltaram a morar em apartamento, mas agora em outro bairro, no Moinhos de Vento. O moleque da Pedra Redonda nunca conseguiu se livrar de viver em apartamentos, mas aprendeu a gostar. Atualmente, desde 1992, o A-18, que foi comprado nos anos 60 por Teodoro Ritter ficou para a neta Roberta e seu esposo.