Memórias de Prédios
O Projeto
A memória é o recurso nativo do ser humano mais sofisticado que existe. Com ela podemos viajar através do tempo e lembrar das coisas boas que fizemos um dia. Reviver emoções e revisitar passeios que nos fizeram bem. Refazer os passos da nossa trajetória, lançar o nosso olhar sobre as nossas realizações. E ficar feliz com isso.
O problema é que nem sempre nossa memória está disposta a nos servir. Estamos constantemente atualizando nosso “backup” interno e, nem sempre acessamos aquele momento como gostaríamos.
O pátio onde brincamos nossa infância, a calçada onde namoramos nossa juventude ou a cama onde dormimos nossa velhice. Há coisas e lugares com memórias em tudo que vivemos, e elas contam nossas vidas. A casa, geralmente, é o nosso baú. Um repositório bagunçado de bilhetinhos de memórias. E o prédio são vários baús, um empilhado sobre o outro. De diversos tamanhos e formas, que juntos não parecem fazer sentido algum. Mas talvez façam.
Trabalhar estes baús é a missão do Memórias de Prédios. Um projeto experimental destinado a escrever histórias a partir das memórias pessoais conectadas a uma edificação. O objetivo é desenvolver episódios que constituem narrativas possíveis sobre um edifício.
Através de entrevistas com moradores, zeladores e porteiros, recuperar as histórias de como cada um se relaciona com o edifício. Perceber as nuances e as cenas das pessoas que o vivem. Ouvir o prédio e, se as paredes falassem, anotar tudo e escrever uma história.
“A memória é uma ilha de edição”, já dizia o poeta Waly Salomão. Coletar, recortar e organizar as lembranças são as tarefas deste projeto. É curar as memórias individuais, para não deixá-las morrer, e transformá-las em memórias coletivas, em busca de sentidos possíveis. Reconhecer o passado para tentar compreender o presente.
Como usar este site
O projeto piloto do Memórias de Prédios versa sobre o Edifício São Lucas. São episódios que investigam a história do edifício, as suas famílias e o seu contexto social. Fragmentos montados a partir de entrevistas que suportam uma narrativa de texto, imagem e som.
A memória possui uma dimensão aleatória e nem sempre está em sincronia. O projeto propõe uma sugestão de ordem de leitura, que começa no Prefácio, mas o leitor poderá explorar na ordem que quiser, através de três categorias e suas subcategorias:
Por meio de uma visualização em linha do tempo é possível identificar os anos em que se passam os episódios e sua relação com fatos históricos. Cada data é uma subcategoria e, ao clicar nela, é possível ver os episódios daquele período.
Para compreender as dimensões físicas e onde se passam as histórias, cada número de apartamento é uma subcategoria e, ao clicar em uma unidade, é possível ver quais episódios estão relacionados a ela.
Aqui apresentamos um hall dos perfis conectados ao edifício. Cada nome é uma subcategoria e, ao clicar num deles, é possível ver quais episódios ela está inserida ou citada.
Por que usamos pseudônimos e números aleatórios
O uso de pseudônimos para se referir às pessoas envolvidas nestas histórias é uma decisão que visa proteger as memórias e a vida dos entrevistados. Da mesma forma, os números dos apartamentos foram reorganizados em ordem aleatória, como forma de prevenir danos à propriedade privada das fontes.
Esta é uma escolha estratégica e deliberada do autor. Acredita-se que a substituição dos nomes reais não prejudica as narrativas contadas. Entende-se aqui que o projeto não busca denegrir ou glorificar nomes, mas se concentrar nas histórias e observar as suas relevâncias dentro do contexto de memória coletiva.
Autor
Lorenço Oliveira é jornalista e morador do apartamento B-25.
Este projeto foi desenvolvido como protótipo para a conclusão do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Jornalismo Digital, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).